domingo, 24 de outubro de 2010

Super times, grandes torcidas. E a emoção?




Nas minhas últimas férias resolvi conhecer o charme, a cultura e o futebol do país campeão da Copa do Mundo. Após a divulgação da tabela da Liga Espanhola, montei meu roteiro, reservei os hotéis, arrumei a mala e fui atrás do melhor da Espanha.

Reservei três datas: uma para o jogo do Barcelona X Sporting de Gijón, no Camp Nou; outra para a partida do Levante contra o Real Madrid, no estádio Ciutat de Valencia; e se tivesse sorte e dinheiro um jogo no Santiago Bernabéu.

Durante o período que estive na Espanha, fui a maior vira-casaca do país, assisti a três jogos, vesti três camisas, me decepcionei, me encantei e me apaixonei pelas torcidas e clubes de lá.

Minha primeira parada foi em Barcelona. Cidade linda, charmosa, encantadora, assim como as obras de Gaudí, presentes em todos os cantos da metrópole. Gaudí só perde em popularidade para as lojas do Barcelona, praticamente uma a cada dois metros.

As camisas do Barça enfeitam as lojas oficiais, o comércio informal e as lojinhas de souvenirs. Por todos os lados haviam camisas estampando os nomes dos craques campeões do mundo: Iniesta, David Villa, Puyol, Piqué e também do melhor jogador do mundo, Messi.

Não demorou muito para entrar na onda do Barça. Menos de uma hora caminhando pela cidade eu já tinha camisas, boné, ímãs e chaveiro do Barcelona. Iria para o jogo, no dia seguinte, toda uniformizada e com muitos euros a menos. (Detalhe: uma camisa oficial com o nome do jogador, não sai por menos de €80).

Chegou o grande dia, fui para o Camp Nou ver a base da seleção campeã e com o coração a mil por hora. Estava encantada! O estádio lotado, todos os restaurantes do Camp Nou lotados, as pessoas felizes, tudo estava lindo e perfeito. Antes de pisar na arquibancada, tomei uma cerveja (dentro do estádio só cerveja sem álcool, no complexo, a cerveja é liberada, a única coisa ruim é o preço: €3,50 por um copo).

Estava no clima de final de campeonato, mas era apenas um jogo que valia três pontos. Queria pular, cantar, gritar e vibrar com a torcida. Queria aprender os cantos das organizadas, mesmo sem entender nada de catalão. Mas... Cadê as músicas? A torcida? A vibração?

Não tinha nada daquilo. Torcida fria, sem graça!!!! Poucos são aqueles que expressavam algum tipo de reação, até mesmo com os jogadores fazendo grandes cagadas, a torcida aplaudia como se fosse um grande espetáculo do Cirque du Soleil.

Por muito menos, se fosse os jogadores do meu time, eu já teria mandado meia dúzia para o inferno. E a raça? Ali não existia e também não existia cobrança. Deve ser uma maravilha jogar no Barcelona, a torcida não exige nada dos “craques”.

O jogo foi um magro 1 a 0, com o gol do David Villa, joguinho chato, morto, parado... Broxante! Que decepção!

Já no jogo seguinte, em Valência, resolvi vestir a camisa do Levante UD, torcida de clube menor é mais interessante, geralmente são mais fanáticos e também não tem excesso de turista.

Estádio menor, lugar mais intimista, time sem estrelas, o Levante tinha tudo para me cativar. A camisa do clube só achei na loja oficial, comprei uma para torcer com estilo.

Torcida mista, muita gente com a camisa do Real Madrid e bastantes torcedores do Levante, a grande maioria eram os nativos, alguns só estavam ali só para ver os craques de branco.

Diferente da torcida do Barça, a do Levante apoiou o time a partida toda. Gritavam com os jogadores, aplaudiam as boas defesas do goleiro Manolo Reina, único jogador que consegui decorar o nome. Eles também tinham bandeirões e mandavam a torcida do Madrid para aquele lugar.

O Levante UD tem uma torcida de verdade! Eu me identifiquei muito com a torcida granota (um sapo, símbolo do time). Foi um dos 0 a 0 mais vibrantes e emocionantes que acompanhei. A torcida local foi ao delírio pelo empate contra o time do Mourinho.

Com o resultado o Real Madrid perdia a chance de ser líder da Liga e eu ria muito vendo o fracasso dos craques milionários diante de um time que acabou de subir para a primeira divisão da competição.

No caminho de volta para o hotel, torcedores do Levante se cumprimentavam nas ruas, no metrô como se fosse uma grande família e eu fazia parte desta grande família granota!

Dias depois fui atrás de ingresso para o jogo do Real Madrid no Santiago Bernabéu. De principio, só para os sócios abonados, para os mortais, só as áreas vips por no mínimo €150, não era para o meu bolso.

Mas poucos dias antes da partida, consegui comprar pelo site um ingresso por um valor bem menor. Meu último jogo na Espanha seria Real Madrid X Desportivo La Corunã. O Real buscava a liderança da Liga e o adversário sair da zona de rebaixamento.

Já estava irritada pagando ingressos de jogos europeus e vendo resultados de campeonato brasileiro. Era a última chance para algum time espanhol mostrar um futebol convincente. Era a última oportunidade para um clube espanhol me cativar mais que o Levante!

O dia da partida foi o dia mais frio que peguei na Espanha e se não bastasse o frio, chovia e chovia muito. Meu lugar era bem próximo do campo e não era coberto.

Do meu lado estava a torcida organizada do Madrid que também não se intimou com o frio e com a tempestade. Cantaram e vibraram o jogo todo. E que jogo!!!!

Eles gritavam em coro para todos os jogadores, cantaram para o José Mourinho, xingavam o Guardiola e zoavam os torcedores do “gallinero” (setor localizado no anel superior do estádio), que respondiam a altura.

O clima gelado de Madri foi aquecido pela primeira goleada com o Mou no comando do “Los Blancos”. Gols de Cristiano Ronaldo, Higuain, Özil, Di Maria e até do brasileiro Marcelo. E depois do 6 a 1 a torcida gritava para os demais torcedores: LEVANTA BERNABÉU!!! Foi fantástico!!!

Foi o melhor jogo que vi na Espanha e me apaixonei pela vibração da torcida do Real. Saí do Bernabéu muito mais mourinista do que era antes, achando o Marcelo o melhor jogador brasileiro da atualidade, admirando o Cristiano Ronaldo, Higuain, Khedira, Özil, Di Maria, Alonso, Sérgio Ramos, Casillas e até mesmo o Pedro Léon, que nem no banco estava.

Na Espanha, fiquei encantada com o Levante UD e apaixonada pelo Real Madrid. Mas só fui perceber que tinha virado uma torcedora fanática Madridista durante a última rodada da Champions League: torci fervorosamente contra o Barcelona diante do Copenhagen!

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